Não servem de superfície
para o pouso: incitam ao voo
Estendendo sobre elas
o cansaço compreende-se
os limites do corpo
diferentes daqueles
desafiados pelos
montanhistas
Contam a história
da exaustão humana
As palavras negam o silêncio
necessário ao sono
Não queira que nos poemas
as palavras construam acalantos
Lendo tuas cores compreendi a violência de escrever-te sob os significados do silêncio.
Então és o espelho onde aprendo que os crânios percorrem a superfície surdos ao rumor dos animais noturnos. Imperceptíveis os pensamentos acesos, mesmo que os olhos não sejam insondáveis.
Devo estender a todas as coisas (pétalas, livros, ossos) o ensinamento da infância: pousar o ouvido na concha e ouvi-la entoar o mar.
Então és o espelho onde aprendo que os crânios percorrem a superfície surdos ao rumor dos animais noturnos. Imperceptíveis os pensamentos acesos, mesmo que os olhos não sejam insondáveis.
Devo estender a todas as coisas (pétalas, livros, ossos) o ensinamento da infância: pousar o ouvido na concha e ouvi-la entoar o mar.
O percurso construído com passos acesos. Pés avançam oscilando entre lucidez e loucura, certeza e dúvida, vivendo as palavras como a textura do chão.
Quão intenso foi mover-se pela longa superfície desperta para agora, adormecidas as cores, os sons, hora em que toda forma funde-se em sombra ininterrupta, asseverar: a noite será imensa.
Que violenta leitura: essa noite será imensa.
Quão intenso foi mover-se pela longa superfície desperta para agora, adormecidas as cores, os sons, hora em que toda forma funde-se em sombra ininterrupta, asseverar: a noite será imensa.
Que violenta leitura: essa noite será imensa.
mudam alteram
transformam
metamorfoseiam
os verbos
nos versos
dirão não
serem mais os mesmos
embora ilegíveis
da superfície
sob o breve pouso
como estivessem
intactos
serão lidos
pelo desatento pássaro
pode-se confiar na
lúcida leitura
dos próprios olhos?
veem a partir de outro tempo
mais lento e silencioso
diferente matéria os molda
mais densa e calma
a luz que emanam
agora sóbria e amena
não são mais os mesmos
menos elétricos mais ternos
os olhos mantém a vivacidade
que arrefece na carne
transformam
metamorfoseiam
os verbos
nos versos
dirão não
serem mais os mesmos
embora ilegíveis
da superfície
sob o breve pouso
como estivessem
intactos
serão lidos
pelo desatento pássaro
pode-se confiar na
lúcida leitura
dos próprios olhos?
veem a partir de outro tempo
mais lento e silencioso
diferente matéria os molda
mais densa e calma
a luz que emanam
agora sóbria e amena
não são mais os mesmos
menos elétricos mais ternos
os olhos mantém a vivacidade
que arrefece na carne
pombos abrigam-se sob
formas que ornam beirais
assemelha-se a sangue seco
o negro percurso inscrito
pela água na face
anciã da construção
não interrogo
quais outros olhos
somente leio
a lenta chuva
contra a claridade
da manhã
na qual
um homem
anônimo
animalizado
revolve o lixo
do fast food
o silêncio
impalatável
alerta que
o beco
será por
muito tempo
um poema
uma bandeira
formas que ornam beirais
assemelha-se a sangue seco
o negro percurso inscrito
pela água na face
anciã da construção
não interrogo
quais outros olhos
somente leio
a lenta chuva
contra a claridade
da manhã
na qual
um homem
anônimo
animalizado
revolve o lixo
do fast food
o silêncio
impalatável
alerta que
o beco
será por
muito tempo
um poema
uma bandeira
eis o que fazes: fabricas fezes
resume-se em rês: pasce rumina defeca
embora seja pobre analogia
porque és impróprio
ao estômago humano
desejo seja outro o trono
desgovernes tuas próprias vísceras
numa descomunal diarreia
buscaria melhores imagens
para opor à tua dileta: rei
mas sopesar palavras
com o talento ferino
do boca do inferno
não me é natural
inestancável o tempo
transcorrem séculos
e sempre há cus inúteis
ocupando a cúpula
a reger sobre confortáveis
cadeiras giratórias
resume-se em rês: pasce rumina defeca
embora seja pobre analogia
porque és impróprio
ao estômago humano
desejo seja outro o trono
desgovernes tuas próprias vísceras
numa descomunal diarreia
buscaria melhores imagens
para opor à tua dileta: rei
mas sopesar palavras
com o talento ferino
do boca do inferno
não me é natural
inestancável o tempo
transcorrem séculos
e sempre há cus inúteis
ocupando a cúpula
a reger sobre confortáveis
cadeiras giratórias
Cacos
Desconstruiu-os em cacos. Apenas um copo em casa será suficiente. Intacta também
permaneceu a taça em que todas as noites bebe seu vinho, seco porém suave,
enquanto lê, escreve ou nas horas apáticas apenas navega pelo facebook.
Satisfeita, pensa irônica, Personalizei o milagre da multiplicação.
O sol das oito em diante ilumina toda a
cozinha. As margens dos cacos brilham, os vidros transformam a luz em raios
coloridos contra o chão de cerâmica branca. Já é quase hora de sair, depois eu
varro tudo isso. Descalça vai até a sala buscar os sapatos. Interrompe o
solilóquio do apresentador do telejornal desligando, indiferente, o televisor.
Só fala sobre o trânsito de sampa, tô a mais de quinhentos quilômetros da
capital. Precisa algum crime fudido ou explodirem caixas eletrônicos para o
interior se tornar manchete. Calça-os. O percurso de volta não é silencioso, os
vizinhos do andar de baixo, se ainda não foram trabalhar, ouvirão seus passos
ritmados pelos saltos.
Passando em frente à cozinha espera,
contempla o inóspito jardim que acabara de plantar. Caules abruptos, estéreis,
acesos pela claridade matinal. Só três passos sobre e avivaria esse jardim com
pétalas de um vermelho intenso se dissolvendo, escorrendo, tingindo as
transparências. Pensamentos que a percorrem com incrível velocidade, enquanto
mantém o olhar fixo nos copos quebrados.
O governo produziu
material didático
apresentando o passo-a-passo
necessário aos alunos
aprimorarem a prática da apneia.
Divulgou na mídia a nova
proposta educacional.
Olhos atentos leram o oculto:
o projeto quer os jovens
com fôlego bastante
então submersos
no absoluto silêncio
não esbocem gesto
algum de protesto.
A assessoria de imprensa replicou:
a proposta é de primeiro mundo.
O absurdo soou fundo
alunos e professores fartos
organizaram o basta.
O governo ordenou
homens de farda avançarem
sobre os estudantes petulantes.
Cassetetes batem contra os escudos
para impor o ritmo botas pisam forte.
O som da marcha não assombra
o suficiente para romper
a corrente humana.
Cada elo encara resoluto.
Entre os alunos circula
impresso de forma artesanal
um manual que ensina
a reescrever os pulmões:
querê-los amplos onde o vento
invente vozes ao percorrer a verde
lâmina das folhas
soe sábio sobre as superfícies
sopre intenso anunciando tempestades.
material didático
apresentando o passo-a-passo
necessário aos alunos
aprimorarem a prática da apneia.
Divulgou na mídia a nova
proposta educacional.
Olhos atentos leram o oculto:
o projeto quer os jovens
com fôlego bastante
então submersos
no absoluto silêncio
não esbocem gesto
algum de protesto.
A assessoria de imprensa replicou:
a proposta é de primeiro mundo.
O absurdo soou fundo
alunos e professores fartos
organizaram o basta.
O governo ordenou
homens de farda avançarem
sobre os estudantes petulantes.
Cassetetes batem contra os escudos
para impor o ritmo botas pisam forte.
O som da marcha não assombra
o suficiente para romper
a corrente humana.
Cada elo encara resoluto.
Entre os alunos circula
impresso de forma artesanal
um manual que ensina
a reescrever os pulmões:
querê-los amplos onde o vento
invente vozes ao percorrer a verde
lâmina das folhas
soe sábio sobre as superfícies
sopre intenso anunciando tempestades.
cerâmica branca
interrogo teu discurso
de assepsia
possibilidades: ler-te
ossos limpos de lembranças
página à espera das palavras
silenciosa face das nuvens
desritmo lançado
contra tua quietude
queda o esperma
fosse sangue
fosse merda
soariam
outras vozes
apazigua pousar a pele
sobre a superfície reptícia
amaina a temperatura
arrefece a febre
cerâmica branca
quase esqueço
que feres meu olhos
ao refletires o sol
somando-o aos conselhos
da busca por iluminação
pureza absoluta
ascese e outras
analogias que
sugeres
todas as manhãs
interrogo teu discurso
de assepsia
possibilidades: ler-te
ossos limpos de lembranças
página à espera das palavras
silenciosa face das nuvens
desritmo lançado
contra tua quietude
queda o esperma
fosse sangue
fosse merda
soariam
outras vozes
apazigua pousar a pele
sobre a superfície reptícia
amaina a temperatura
arrefece a febre
cerâmica branca
quase esqueço
que feres meu olhos
ao refletires o sol
somando-o aos conselhos
da busca por iluminação
pureza absoluta
ascese e outras
analogias que
sugeres
todas as manhãs
Ouço o aço
das palavras
ainda silenciosas.
Impeço-as de soar
ensurdecedoras
como lâminas ao sol.
Sombras suavizam
sua afilada fome.
O faquir domina a arte
de não ferir-se
ao estender o corpo
sobre a indocilidade.
A faca sendo
instrumento cotidiano
faz-se extensão do homem.
Divide com fidelidade
o pão, a laranja.
Permanecem intactos
os pulsos daquele
que a empunha surdo
ao aço das palavras.
das palavras
ainda silenciosas.
Impeço-as de soar
ensurdecedoras
como lâminas ao sol.
Sombras suavizam
sua afilada fome.
O faquir domina a arte
de não ferir-se
ao estender o corpo
sobre a indocilidade.
A faca sendo
instrumento cotidiano
faz-se extensão do homem.
Divide com fidelidade
o pão, a laranja.
Permanecem intactos
os pulsos daquele
que a empunha surdo
ao aço das palavras.
Árvores estendem sombras sobre o percurso. Os pés leem a superfície imperfeita. Caminhamos sem pressa. Não medras a impiedosa beleza das palavras ao dizeres inocente que gosta do barulho dos passos esmagando as folhas secas.
Tons do ocaso cobrem o chão. Adormece o vermelho nas folhas caídas. Amarelo, alaranjado rajam o verde. Pequenas chagas.
Passos. Agora é impossível compreendê-los estilhaçando o silêncio, ferindo-o fatalmente. Inventam uma voz para o silêncio. Alçamos o ruído à sonora existência dos pássaros.
Dia 06 de novembro na biblioteca pública Rubens do Amaral em Araçatuba/SP recebi a premiação pelo primeiro lugar no 23° Concurso de Poesia Osmair Zanardi, promovido pela Academia Araçatubense de Letras. Compartilho aqui imagens da premiação onde estou junto com minha filha Letícia e o poema contemplado:
sabe dos que se salvaram:
sabe dos que se salvaram:
permaneceram na superfície
do avesso sabe o balé das algas
os peixes de olhos sempre acesos
movendo-se sem ferir o silêncio
resta na pele que emerge
sal e cheiro de mar
inscrito no homem
o pugilismo das marés
crianças desenham crânios
sobre ossos cruzados
porque a palavra
permanece indócil
a escrita parece à deriva
não ao acaso o fluxo
conduz por signos marinhos
o poema impele: submergir
sem escafandro
confiar no
próprio fôlego
ensina o extremo: transformar
mergulho em naufrágio
do avesso sabe o balé das algas
os peixes de olhos sempre acesos
movendo-se sem ferir o silêncio
resta na pele que emerge
sal e cheiro de mar
inscrito no homem
o pugilismo das marés
crianças desenham crânios
sobre ossos cruzados
porque a palavra
permanece indócil
a escrita parece à deriva
não ao acaso o fluxo
conduz por signos marinhos
o poema impele: submergir
sem escafandro
confiar no
próprio fôlego
ensina o extremo: transformar
mergulho em naufrágio
Dia 16 de novembro à noite faleceu meu avô Ervim André Kulczynski. Compartilho aqui pois um dos meus poemas mais conhecidos, que também foi escolhido para participar da exposição Poesia Agora organizada no Museu da Língua Portuguesa em São Paulo teve-o como motivação, escrito a partir das palavras que pronunciou para expressar sua cegueira: "estou na penumbra". Publico também uma belíssima imagem que revela características marcantes em minha memória: o uso da boina, o modo elegante de vestir-se. Divido aqui esta mínima homenagem.
Quatro poemas de Leopoldo María Panero. Traduzidos da obra Así se fundó Carnaby Street (1970)
A MATANÇA DO DIA DE SÃO VALENTIN.
King Kong assassinado. Como Zapata. Por que não Maiakovski? Ou inclusive Pavese. A maldição. A noite de tormenta. Dies irae. A mentira de Goethe antes de morrer. As trinta moedas. A sombra da forca. Marina Tsvetaeva teu epitáfio será a imensa pradaria coberta de neve.
LA MATANZA DEL DÍA DE SAN VALENTÍN
King-Kong asesinado. Como Zapata. ? Por qué no, Maiacovsky? O incluso Pavese. La maldición. La noche de tormenta. Dies irae. La mentira de Goethe antes de morir. Las treinta monedas. La sombra del patíbulo.. Marina Cvetaeva tu epitáfio serán las inmensas praderas cubiertas de nieve.
XVIII
Aquela tarde que fui ao balé russo. Meu pai me levava pela mão. Seu riso parecia com a morte. Ou era ele quem parecia com a morte? As cinzas da maconha são brancas. Isto, claro, não se aprende na escola.
XVIII
Y aquella tarde que fui al bellet ruso. Mi padre me llevaba de la mano. Su risa se parecía a la muerte.?O era él quien se parecía a la muerte? Las cenizas de la marihuana son blancas. Esto, claro, no se aprende en la escuela.
XXIX
As Damas da Caridade se dedicavam a engaiolar rouxinóis, para que deixassem de cantar, uma morte lenta, e assim fazer colares com seus pequenos ossos brilhantes.
XXIX
Las Damas de la Caridad se dedicaban a enjaular ruiseñores, para que dejaran de cantar, y una muerte lenta, y así hacerse collares con sus huesos brillantes.
HOMENAGEM A CARYL CHESSMAN
"As câmaras de gás que são utilizadas nos Estados Unidos para executar as sentenças de pena capital funcionam, em linhas gerais, da seguinte maneira: mediante a ação de uma alavanca caem quatro bolas de cianeto em um depósito de ácido, gerando o gás. A morte é instantânea."
HOMENAJE A CARYL CHESSMAN
"Las cámaras de gas que se utilizan en los Estados Unidos pára ejecutar las sentencias de pena capital funcionan, en líneas generales, de la siguiente forma: mediante la acción de una palanca caen cuatro bolas de cianuro a un depósito de ácido, generando el gas. La muerte es instantânea."
Poema do venezuelano Rafael Cadenas, obra Intemperie, 1977.
ARS POETICA
Que cada palavra leve o que diz.
Que seja como o tremor que a sustém.
Que se mantenha como um latido.
Não vou proferir adornada falsidade nem pôr tinta
duvidosa ou acrescentar brilho ao que é.
Isso obriga a ouvir-me. Estamos aqui para dizer
verdades.
Sejamos reais.
Quero exatidões aterradoras.
Tremo quando creio que me falsifico. Devo reconhecer
minhas palavras. Me possuem tanto quanto eu a elas.
Se não vejo bem, diga, tu que me conhece, minha mentira,
acuse a impostura, me esfregue na cara a fraude.
Te agradecerei, juro. Enlouqueço por ser correspondido.
Seja meus olhos, me espere na noite e me aviste, examine,
me sacuda.
ARS POETICA
Que cada palabra lleve lo que dice.
Que sea como el temblor que la sostiene.
Que se mantenga como un latido.
No he de proferir adornada falsedad ni poner tinta dudosa
ni añadir brillo a lo que es.
Esto me obliga a oírme. Pero estamos aquí para decir
verdad.
Seamos reales.
Quiero exactudes aterradoras.
Tiemblo cuando creo que me falsifico. Debo llevar en peso
mis palavras. Me poseen tanto como yo a ellas.
Si no veo bien, diime tú, tú que me conoces, mi mentira,
señálame la impostura, restriégame la estafa.
Te lo agradeceré, en serio. Enlouquezco por corresponderme.
Sé mi ojo, espérame en la noche y divísame, escrútame,
sacúdeme.
Tradução de Gustavo Petter.
Cinco poemas de Roberto Bolaño.
Dentro de mil anos não
restará nada
do quanto se há escrito
neste século.
Lerão frases soltas,
rastros
de mulheres perdidas,
fragmentos de crianças
imóveis,
teus olhos lentos e verdes
simplesmente não
existirão.
Será como a Antologia
Grega,
ainda mais distante,
como uma praia no inverno
para outro assombro e
outra indiferença.
Dentro de míl años no
quedará nada
de cuanto se ha escrito
en este siglo.
Leerán frases sueltas,
huellas
de mujeres perdidas,
fragmentos de niños
inmóviles,
tus ojos lentos y verdes
simplemente no existirán.
Será como la Antología
Griega,
aún ás distante,
como una playa en invierno
para otro asombro y otra
indiferencia.
POETA CHINÊS EM BARCELONA
Um poeta chinês pensa ao
redor
de uma palavra sem chegar
a tocá-la,
sem chegar a mirá-la, sem
chegar a representá-la.
Detrás do poeta há
montanhas
amarelas e secas varridas
pelo vento,
repentinas chuvas,
restaurantes baratos,
nuvens brancas que se
fragmentam.
POETA CHINO EN BARCELONA
Un poeta chino piensa
alrededor
de una palabra sin llegar
a tocarla,
sin llegar a mirarla, sin
llegar a representarla.
Detrás del poeta hay
montañas
amarillas y secas
barridas por
el viento,
ocasionales lluvias,
restaurantes baratos,
nubes blancas que se
fragmentan.
ESTA É A PURA VERDADE
Me criei ao lado de
puritanos revolucionários
Sendo criticado ajudado
empurrado por heróis
da poesia lírica
e pelo balanço da morte.
Quero dizer que meu
lirismo é DIFERENTE
(já está tudo expresso
mas me permita
Acrescentar algo mais).
Nadar nos pântanos da
pieguice
é para mim um Acapulco de
mercúrio
um Acapulco de sangue de
peixe
uma Disneylândia submarina
Onde estou em paz comigo.
ESTA ES LA PURA VERDAD
Me he criado al lado de
puritanos revolucionarios
He sido criticado ayudado
empujado por héroes
de la poesía lírica
y del balancín de la
muerte.
Quiero decir que mí
lirismo es DIFERENTE
(ya está todo expresado
pero permitidme
añadir algo más).
Nadar en los pantanos de
la cursilería
es para mí como un Acapulco
de mercurio
un Acapulco de sangre de
pescado
una Disneylandia submarina
En donde soy en paz
conmigo.
O TRABALHO
Em meus trabalhos a
prática se decanta como causa e efeito
de um rombo sempre
presente e em movimento.
O olhar desesperado de um
detetive
diante de um crepúsculo
extraordinário.
Escrita rápida traço
rápido sobre o doce dia que
chegará e não verei.
Porém não ponte de
maneira nenhuma ponte nem sinais
para sair de um labirinto
ilusório.
Acaso rimas invisíveis e
rimas blindadas ao redor de
um jogo infantil, a
certeza de que ela está sonhando.
Poesia que talvez advogue
por minha sombra em dias vindouros
quando somente seja um
nome e não o homem que com
os bolsos vazios
vagabundeou e trabalhou nos matadouros
do velho e do novo
continente.
Credibilidade e não
durabilidade peço para os romances
que compus em honra de
garotas bem concretas.
E piedade para meus anos
até chegar aos 26.
EL TRABAJO
En mis trabajos la
práctica se decanta como causa y efecto
de un rombo siempre
presente y en movimiento.
La mirada deseperada de
un detective
frente a un crepúsculo
extraordinario.
Escritura rápida trazo
rápido sobre un dulce día que
llegará y no veré.
Pero no puente de ninguna
manera puente ni señales
para salir de un
laberinto ilusorio.
Acaso rimas invisibles y
rimas acorazadas alrededor de
un juego infantil, la
certeza de que ella está soñando.
Poesía que tal vez abogue
por mi sombra en días venideros
cuando yo sólo sea un
nombre y no el hombre que con
los bolsillos vacíos
vagabuandeó y trabajó en los mataderos
del viejo y del nuevo
continente.
Credibilidad y no
durabilidad pido para los romances
que compuse en honor de
muchachas muy concretas.
Y piedad para mis años
hasta arribar a los 26.
Raro oficio
gratuito Ir perdendo o cabelo
e os
dentes As antigas maneiras de ser educado
Estranha
complacência (O poeta não deseja ser mais
que os
outros) Nem riqueza nem fama nem somente
poesia
Talvez esta seja a única forma
de não ter medo
Instalar-se no medo
como quem vive dentro da
lentidão
Fantasmas que todos
possuímos Simplesmente
aguardando alguém ou algo
sobre as ruínas
Raro oficio
gratuito Ir perdiendo al pelo
y los dientes
Las atiguas formas de ser educado
Extraña
complacencia (El poeta no desea ser más
que los
otros) Ni riqueza ni fama ni tan sólo
poesía Tal
vez ésta sea la única forma
de no tener
miedo Instalarse en el miedo
como quien vive dientro
de la lentitud
Fantasmas que todos
poseemos Simplemente
aguardando a alguien o
algo sobre las ruinas
vê-la
e contra
não mover
um dedo
contemplar
o ritmo
bovino
sem ler
a oculta
selvageria
injustiças
passeiam
pelas ruas
vacas sagradas
calar: se
muda
a recusa
nada agrega
não muda
as regras
não só
os poetas
sim o povo
semeia sobre
o silêncio
palavras
de recusa
mãos firmes
agarrem sem medo
o animal pelos chifres
o conduzam
para fora
da tua horta
em silêncio
observa o
movimento
oscila
imersa na
manhã amena
percebe a certeza
menos acesa
de exuberante candelabro
resume-se ao lume fraco
lâmpada de poucos watts
sussurra
entre
a treva
absoluta
madre teresa
escrevera
em alguma carta
sobre a dúvida
oscila
não há
a mínima
regularidade
que estabeleça
um ritmo
estilhaços
espalhados
taça lançada
contra a transparência
do verbo permanecer
oscila
leva à
náusea
o homem
que busca
no movimento
a dança
e nega
a fratura
observa o
movimento
oscila
imersa na
manhã amena
percebe a certeza
menos acesa
de exuberante candelabro
resume-se ao lume fraco
lâmpada de poucos watts
sussurra
entre
a treva
absoluta
madre teresa
escrevera
em alguma carta
sobre a dúvida
oscila
não há
a mínima
regularidade
que estabeleça
um ritmo
estilhaços
espalhados
taça lançada
contra a transparência
do verbo permanecer
oscila
leva à
náusea
o homem
que busca
no movimento
a dança
e nega
a fratura
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