O governo produziu
material didático
apresentando o passo-a-passo
necessário aos alunos
aprimorarem a prática da apneia.
Divulgou na mídia a nova
proposta educacional.
Olhos atentos leram o oculto:
o projeto quer os jovens
com fôlego bastante
então submersos
no absoluto silêncio
não esbocem gesto
algum de protesto.
A assessoria de imprensa replicou:
a proposta é de primeiro mundo.
O absurdo soou fundo
alunos e professores fartos
organizaram o basta.
O governo ordenou
homens de farda avançarem
sobre os estudantes petulantes.
Cassetetes batem contra os escudos
para impor o ritmo botas pisam forte.
O som da marcha não assombra
o suficiente para romper
a corrente humana.
Cada elo encara resoluto.
Entre os alunos circula
impresso de forma artesanal
um manual que ensina
a reescrever os pulmões:
querê-los amplos onde o vento
invente vozes ao percorrer a verde
lâmina das folhas
soe sábio sobre as superfícies
sopre intenso anunciando tempestades.
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