Um homem amanhece pensando em reescrever-se, como o personagem em um manuscrito. Mas, a consequência dolorosa é ter reescrita toda sua órbita, o que parece injusto.
Percebendo a impiedosa beleza do impasse, o poeta decidiu escrever sobre o homem que quisera reescrever-se. Mas, sem aproximar o poema de uma possível fábula moral.
O poeta contempla o caos que habita o homem.
O homem sente-se no limite. Não há livro na estante ou discos palatáveis para esse instante.
O poeta tenta traduzir em palavras o ritmo do homem.
Ambos, o poeta e o homem, querem um vaso próximo onde apagar as pontas de cigarro. Vaso com um cacto plantado. Desses redondos (uma abóbada, abóbora ou cúpula) ou verticais (como um pau duro, o dedo médio em fuck you) tanto faz.
O homem e o poeta, cada um à sua maneira, vivem a aridez da dúvida.
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