As janelas acesas
são lanternas japonesas
Pelos apartamentos
movem-se silhuetas
Vê-se o teatro de sombras
vizinhos transam
assistem televisão
ouvem a música
dos próprios pensamentos
debruçados sobre a varanda
Não se percebe
se alguém teve
uma visão mística
recente ou se recende
a cigarro o hálito
se habita na língua
um bilhete suicida
se mantém os olhos
no passado ou sonham
o futuro pois parecem
vagos vistos de longe
sempre no horizonte
ou rumo ao térreo
daqui não consigo
discernir se são incrédulos
ou sentem medo
talvez nem de perto
talvez sejam sempre
eu mesmo meus
olhos no espelho
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