Os passos apunhalando
a quietude, o salto
dedilhando quatro
andares.
O encaixe da chave,
o giro, ritmos
anunciam: emerges
de um longo mergulho.
Chegas em casa.
Penso: a poesia resiste
como revelação.
Chega.
Despe-se.
Despe-se.
Deixa a calcinha
no chão da sala.
Chaga.
Súbito a lâmina
fere o fruto.
Aroma ilumina.
A calcinha recende.
Acaso
trouxesse da lojinha esotérica
ou do hare krishna
incensos
seriam menos
sacros
que o teu
cheiro
aceso.
A calcinha
e os livros
de poesia
no corpo
do apartamento
calcinam
o silêncio.
Sobrepomos os lábios.
Habito o hálito.
Pomos sangram
sintaxe sem eufemismos.
Recende
em alto e bom som
animais
não sabem
ciciar
o cio.
Um comentário:
Já havia visto uma postagem divulgando a promoção pelo facebook, e logo enviei um poema. Agora é esperar pelo dia 15/09.
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