Os passos apunhalando
a quietude, o salto
dedilhando quatro
andares.
O encaixe da chave,
o giro, ritmos
anunciam: emerges
de um longo mergulho.

Chegas em casa.
Penso: a poesia resiste
como revelação.

Chega.

Despe-se.
Deixa a calcinha
no chão da sala.

Chaga.

Súbito a lâmina
fere o fruto.
Aroma ilumina.

A calcinha recende.

Acaso
trouxesse da lojinha esotérica
ou do hare krishna
incensos
seriam menos
sacros
que o teu
cheiro
aceso.

A calcinha
e os livros
de poesia
no corpo
do apartamento
calcinam
o silêncio.

Sobrepomos os lábios.
Habito o hálito.
Pomos sangram
sintaxe sem eufemismos.


Recende
em alto e bom som
animais
não sabem
ciciar

o cio.

Um comentário:

Gustavo Petter disse...

Já havia visto uma postagem divulgando a promoção pelo facebook, e logo enviei um poema. Agora é esperar pelo dia 15/09.