sabe dos que se salvaram:
permaneceram na superfície
do avesso sabe o balé das algas
os peixes de olhos sempre acesos
movendo-se sem ferir o silêncio
resta na pele que emerge
sal e cheiro de mar
inscrito no homem
o pugilismo das marés
crianças desenham crânios
sobre ossos cruzados
porque a palavra
permanece indócil
a escrita parece à deriva
não ao acaso o fluxo
conduz por signos marinhos
o poema impele: submergir
sem escafandro
confiar no
próprio fôlego
ensina o extremo: transformar
mergulho em naufrágio
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