Soube a hóstia insossa. Palavra inexistente no vocabulário usual de uma criança. Talvez dissera, Não tem gosto! a face disforme pela careta que completa o assombro. O paladar idealizava a doçura. A sacra simbologia do corpo era impossível de ser compreendida.
Ainda pode ser lido na memória: era noite, muitas pessoas em pé, horas lentas, lugar mal iluminado, olhou tantos sapatos, década de noventa, com cuidado a mãe colocou em sua boca um pedaço, porque era proibido para quem cria ser pecado.
O que pode ser lido hoje: goza os sons das palavras na frase soube a hóstia insossa. A leitura do corpo pela língua, o de carne e osso, agridoce, amargo, denso, áspero, líquido, viscoso. A imagem: sabor tátil.
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