Ofereças teu fôlego
à flauta feita de osso
Fechados os olhos
Bochechas infladas
Sabes soprar os
acordes fluem
acordam as memórias
Os mortos ouvem
em silêncio
Tens talento
entregas o espírito
ao ato de tocar a flauta
feita de osso
O som parece soar
do próprio sangue
Recordo Gregory Corso
e o poema sobre Miles
soprando lâminas
pela noite americana
Os pulmões os lábios
as técnicas do sopro
O segredo é tornar-se
um só: instrumento e corpo
Mas sei que é desolador
ser o solista da flauta
feita de osso
Também é doloroso
ser o ouvinte e sentir
a beleza lacerante
A flauta feita de osso
acompanha-nos
pela travessia
entre fantasmas
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