Os recentes
retratos revelam
olhos naufragados
em si
Escuto o escuro
desse olhar
Habitas outro ritmo
Em torno uma teia sonora
Constelações confusas
em busca de um nome:
fragor de asas
lento velejar das nuvens
pétalas apenas
existindo quietas
unidas às outras
até que se desconstrua
a corola, o todo
Oito décadas de visões
fluíram
diante
até
o
silêncio
Outrora devoravas
afoito
talvez a nudez
a cor das frutas
os olhos verdes
Sei que ainda
indagas a vida
o que há de invisível
sob o passar dos dias
Os olhos não funcionam
porque a engrenagem do corpo
naturalmente entra em colapso
Podes repetir isso mil vezes
o poema não aceita
não finge aquiescer
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