Um poeta interpela outro:
- O que te angustia
à hora noturna
que antecede o sono?
- A nova escova de dentes
que lacera-me as gengivas.
- Ao menos lembrarás
os filetes de sangue do poema
de Ana Cristina César.
- Mas há tais signos no parnaso?
- Sim, e também sêmen, suor, saliva,
urina e todos os fluidos vitais imagináveis!
- Podemos com imagens
dissolver símbolos sólidos?
- Lógico, por exemplo, quando
o líquido esqueleto dos afogados
inquieta a maré baixa dos olhos
e deixa ler os versos submersos.
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