ouvir os sábios anciãos
narrarem a fábula do homem
que colheu uma corola
sonhando carregá-la consigo
sob sol e chuva
sem perder o viço
até a derradeira hora do dia
Mas ao crepúsculo
estavam murchas as pétalas
somente a memória
mantinha-se viva
Coração não te quero intacto
Vislumbro-te dilacerado
entre vigorosos caninos
Tingindo de rubro
a túnica das musas
Coração te quero página
para o pouso aceso
dos pássaros que dissipam
o sono das pálpebras
Coração te quero página
para os pesadelos que equilibram-se
na ponta dos cílios
contemplando o olhar vazio
do abismo
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