Leopoldo María Panero

Primeira urina da manhã 
colhida para exames 
laboratoriais

A análise estrutural
quantifica elementos
constitutivos compara-os 
com padrões ideais 
Investiga a presença
insólita vestígio
de enfermidade

Níveis de normalidade
não são espelho
para a poesia
A metáfora dos poetas
denuncia a doença
de toda uma época
passada ou futura

A urina é signo
amarelo esmaecido
colore a lágrima
cristalina

Nos versos de Garcia Lorca
Nova Iorque é uma multidão
que vomita e urina

Con paso extremo
flujo indócil
Leopoldo María Panero
orina desde las calles
hasta los pies de su madre

Hay líquidos humanos -
sangre semen
vomito orina
menstruo - 
componiendo dibujos
en las paredes
de los oscuros
manicomios

Tras las manchas
puedes imaginar
imágenes de animales
o otras formas
como en las nubes 

2 comentários:

Anônimo disse...

Você é mesmo um maldito daqueles. Me dá comichão e raiva te ler, rs. Excelentes esses três últimos. Você transita entre uma delicadeza tortuosa em certos poemas e o escrachamento lapidado em outros. Domínio mesmo de linguagem.

Gustavo Petter disse...

hahaha esse poema é culpa sua Lara. Você postou no blog aquele poema meu sobre o Panero e fiquei com algumas imagens me assombrando.