Posso arrancar os olhos agora sem recear a manhã seguinte (nenhum sentimento de culpa dilacerante, nem crise espiritual). Fechar os olhos não é suficiente, preciso arrancá-los e percorrer teu corpo com o olfato reescrito faro. Sem recear a manhã seguinte, quando não estejas para ser meus olhos. E chute móveis, apalpe paredes, mije no chão, queime as mãos ao coar café, não encontre o açúcar.
Delirar com violência.
Ferir o ritmo monocórdico soando nossa foda.
É necessário arrancá-los.
Sem recear o significado abissal da cegueira que compreenderei na manhã seguinte ao tatear o caos da estante em busca do livro, dentro o poema, única salvação possível para quando esmaece o desejo.
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