Leopoldo María Panero: seis traduções dos Poemas do Manicômio de Mondragón.




Em minha alma apodrecida exala o fedor do  triunfo
a cavalgada do meu corpo em ruínas
onde minhas mãos para mostrar a vitória
se agarram ao poema e caem
e uma velha mostra o cu rosado
à vitória
             pálida do papel em chamas
nu, de joelhos, tremendo de frio
em atitude de triunfo.


***


Brindemos com champanhe ante o nada
salto de um saltimbanco sobre o aço escrito
onde a flor se desnuda e habita entre os homens
que dela se riem e desviam o olhar
sem saber ó ilusão que é também ao nada
que a lançam e a cada jogada
se estende a Morte diante do jogador nu
e anões jogam com cabeças humanas.


***


OS IMORTAIS

Na luta entre consciências algo caiu ao solo
o fragor de cristais alegrou a reunião.
Desde então habito entre os Imortais
onde um rei come diante do Anjo caído
e flores semelhantes à morte nos despetala
lança no jardim onde crescemos
temendo que nos chegue a recordação dos homens.


***


Chega do céu aos loucos somente uma luz que fere
se abriga em suas cabeças formando um ninho de serpentes
onde invocar o destino dos pássaros
cuja cabeça regem leis desconhecidas para o homem
e que governam também este trágico lupanar
onde almas se acariciam com o beijo da porca,
e a vida estremece nos lábios de uma flor
que o vento mais sedento empurrara sem cessar pelo solo
onde se resume o que é a vida do homem.


***


Do pó nasceu uma coisa.
E isto, cinzas do sapo, bronze do cadáver
é o mistério da rosa.


***

Debaixo de mim
jaz um homem
e o sêmen
sobre o cemitério
e um pelicano dissecado
nunca antes criado.
Caído o rosto
outra cara no espelho
um peixe sem olhos.
Sangue candente no espelho
sangue candente
no espelho
um peixe que come dias pre-
sentes sem rosto.


Traduções de Gustavo Petter, a partir da obra Poesía completa (1970-2000), Visor Libros.









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