Uma metáfora para a morte:
em trinta de maio o sangue estanque.
Eu nascituro em primeiro de junho,
ou seja, não coabitamos o mundo.
Ouvi o nome Smetak
numa canção do Caetano.
Li o nome Smetak
estudando a tropicália.
Habitei a Bahia: o mar quebra,
o mar é ritmo, o mar é carne
líquida.
O nascimento é sonoro.
Crianças são sonoras.
O sexo é sonoro.
Em tudo o som bruto.
Corolas soam seus acordes
em agudos Van Gogh,
Iberê em graves.
O silêncio é tátil nas partituras.
Eu menino monossilábico,
no cérebro a sintaxe é célere,
como tivesse três cabeças
feito Cérbero.
Smetak sabes o mistério da música
atabaques invocam divindades,
o ritmo tange o êxtase.
Smetak não tenho talento
para instrumento algum
a sonoridade que me cabe
são as palavras.
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