I

Paul Celan 
encena-se
punhal
corpo lâmina
na carne
do Sena.

Cena: 
luzes de Paris
flutuam na superfície,
o poeta
submerso.

II

Alheio ao fluxo
olhar fixo
em outra margem
submerge
no ritmo
da imagem:
o sangue estanque
tinge o lábio
de azul claro.

Intervalos
regulares de silêncio
e ruído, o rio
soa nos ouvidos
do poeta:
corpo sonoro
palavra
no crânio
que naufraga.

III

Pão lançado aos peixes,
dissolve-se nas águas.

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