Um ininterrupto ruído paira sobre o público. Assemelha-se ao zumbido de insetos. Penso no som de microfonia. Os olhos da plateia buscam pelo auditório, voo estúpido no espaço vazio, alguma resposta. Enquanto o professor doutor expõem o laudo sobre as vísceras da poesia. 

Cabeças enfileiradas, que sobre vossos cabelos e calvície pouse o impiedoso pássaro da palavra desolação. Assole vosso espírito a árida lucidez com a qual compreenderão os extremos da difícil palavra: pétrea presença lança-nos ao vazio abissal.

Ombros amparam o pouso da palavra, ave de estimação não alça voo distante do meu corpo. Cabeças enfileiradas sede irmãs da áspera beleza, contemplem a violência da palavra desolação. Só então construam poemas com a carne e alma atormentada de outras palavras.

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