A pesada estrutura do viaduto
reescreve com lirismo
luz e sombra sobre
duas prostitutas
e um travesti
Goya gozaria
esse claro escuro
Hopper comporia
com primor o
crepúsculo humano
Baudelaire louvaria
o poder da pintura
ao sublimar a ruína
que o céu assiste mudo
No mesmo percurso
de indócil beleza
há ainda versos
para os olhos abertos
do cachorro morto
visto quilômetros
depois do viaduto