As pálpebras pousam:
o mar
é
rumor.
Pertenço, sou ritmo.
Os olhos de outra
não capitu
contemplam
a ressaca.
Dentro do crânio
ritmo
tão convulso
quanto.
Os olhos de outra
quiçá capitu
capturam
cores e curvas
em busca
de alguma
cura.
Os olhos de outra
também capitu
decapitam o mar.
Movimento
de guilhotina.
Recapitulando:
A face
desfaz-se
em branca
espuma
(disfarce?)
Organismo
segue semi-
automático, há que
alimenta-lo: animal.
Haverá o colapso.
Seremos um
Todo
(você carne & osso,
eu linguagem,
traduzo-nos)
A cápsula
não é casulo
da cura.
O corpo (nós)
captura
o ponto
(nó existencial,
nódulo, palavra).
Em metástase
logo
tudo
é Poesia.
Haikais de um entardecer no parque.
I.
No parque as aves
dormem o sono das folhas
Céu só de estrelas
II.
Ter visão sonora:
só desregrando os sentidos
Morcego ou Rimbaud?
III.
Ritmo das raízes
Ritmo da estátua
Crianças são carnaval!
IV.
Busto de Getúlio
Sem pudor pombas defecam
Honram suas asas!