O caroço: arremessei-o
pela sacada no vazio
que separa o quarto
andar do estacionamento

A saliva guarda o doce 
sabor da ameixa

Houve um homem
que jamais se queixava
à deriva no fluxo
Mãos trêmulas
ao escrever 
a palavra leme

A poesia precisa de lema
ou imagens libertárias?

Ou basta a presença
do eu-lírico que será 
fatalmente lido
como alter ego do poeta
que bebera uma garrafa de vinho
e agora arremessa o caroço 
de ameixa sem ao menos
levantar-se do chão da sala
ou fechar o livro
de poesias 
já passada a meia-noite

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