Imagem feita por Gustavo Petter.

entre as 
páginas
oitenta e 
oitenta e 
um um 
papel

dobrado ao meio
guarda em silêncio
o poema escrito
a lápis traços
esmaecidos o cinza
dissolvendo-se no
branco que obriga
a semicerrar os olhos
para ler os versos:

Poema para minha filha

Amanheceremos certo dia
meu crânio não 
emergirá das visões
Serás sempre 
minha menina
mas escolho não
ser pássaro desorbitado
Meu bem, no paraíso
não lerei meus
poetas preferidos

voz de um jovem pai
que lê durante o sono da casa
e se inquieta porque a poesia
não apazigua antes interroga
então escreve palavras
manifesto pela permanência
mas por algum motivo
silencia-as entre as páginas
de um livro qualquer para 
agora relê-las com outro
olhar talvez pronto 
para compreender
a lição dos grandes fotógrafos

a beleza de equilibrar
luz e sombra sobre as formas












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