Tenho muita satisfação em participar da exposição POESIA AGORA realizada no Museu da Língua Portuguesa, com curadoria de Lucas Viriato, coordenação de Yassu Noguchi e Domingos Guimarães. Tive o seguinte poema escolhido pelos organizadores:


Disse para traduzir-se: penumbra.
Tudo que vira o habita.
O garoto nasceu nos trópicos,
a família (quase toda)
trocou neve e ciprestes,
fuga das tropas do führer.

Disse para traduzir-se: penumbra.
O mundo é rumor e texturas.
Olhos devoram tudo.
É preciso, feito animal, migrar
em busca de alimento.
Então pouse a pele, compreenda:
tudo é tátil. Tudo é linguagem,
ouça.

Entoo Dante, o primeiro terceto 
do Inferno:
"No meio do caminho desta vida
desencontrei-me numa selva escura
que do rumo direito vi perdida"

Avô, a poesia traduz
tua cegueira. Teu neto é professor
de literatura. Sinestesia, um exemplo:
Teus olhos silenciaram.






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