É cedo para convocar

o convalescente à expor
pálpebras e pupilas
que a luminosidade
lenta das manhãs
reescreva as páginas
conturbadas do espírito

Olhos cavos do convalescente

Quando distantes 
e silenciosos
lerem as nódoas 
nas paredes da memória
e a sabedoria das cicatrizes
ser compreendida
tateando forma ao amorfo
talvez esteja pronto

Por enquanto: chagas
recentes e acesas
matizes escarlates
recendem a sangue

as feridas são
um estanque
pôr-do-sol
para o convalescente
que aguarda
palavras noturnas
sobre a conturbada
página do espírito

Tudo será lido
com olhos lúcidos
e menos líquidos




Nenhum comentário: