Jazz nos corredores do supermercado. Dedos frenéticos tamborilando meu crânio. Penso ao ritmo do piano. Labirinto de intestinos, a publicidade torna qualquer bosta indispensável. Meus ossos são tão brancos quanto o sorriso do creme dental. A criança vê com ternura o olhar asfixiado do peixe. Belos ganchos transpassam pedaços escarlates de carne. Tomates coagulados entre legumes fálicos. Cigarrinhos de chocolate ofendem a moral de hoje. Macarrão instântaneo, lata de atum ou salsicha, refeição dos solitários. O jazz silenciou, Carlo Marx ainda uiva, meu crânio não cala.

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