Imagem: Julian Wasser. Marcel Duchamp, fountain 1963.


Odes ao cu

escritas com esferográfica
em banheiros públicos

Linguagem hieróglifa

inscreve desenhos 
pornográficos
no avesso das portas
e pelas paredes

Em frente à fonte

de Duchamp
um homem chupa
Extrema ternura
nas palavras: lábios
de veludo

O messias esfarrapado

sugere que a ruptura
inicia-se na realidade
clandestina

Os signos da poesia

não são sujos
como nos discursos
atrozes que dissimulam
crimes através
de artifícios linguísticos
do tipo:

fogo amigo


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