Poema do livro póstumo de Leopoldo María Panero: Rosa Enferma, lançado neste mês de maio pela Huerga Fierro Editores.

III

Quando a lua acende-se no verso
Choram os ladrões e uma armadilha cai ao solo
Compondo um ruído como de cristal
Que vã é a queda, digo ao verso
Que vão é o Cristal da Boêmia mastigado na boca
Que vão é o cavalo hípico que cavalga sobre as tumbas
Rezando ao nada
Sartre disse e o li no cárcere das aulas de matemática
"O nada corrói o ser como um verme"
Então soube pela boca de minha mãe mal batizada Felicidade
Que o homem tornará a reinar sobre o nada
E o nada revelará aos homens sua mão
Que têm o rosto pálido da loucura
E o tremor do verso
E o tremor do sexo pequenino das fadas que ainda não sangram


III

Cuando la luna se enciende en el verso
Lloran los ladrones y una red cae al suelo
Componiendo un ruido como de cristal
Qué vana es la caída, digo al verso
Qué vano es el Cristal de Bohemia masticado en la boca
Qué vano el caballo hípico que cabalga sobre las tumbas
Rezándole a la nada
Sartre lo dijo y yo lo leí en la cárcel en clase de matemáticas
“La nada corroe al ser como un gusano”
Y allí supe por boca de mi madre mallamada Felicidad
Que el hombre volverá a reinar sobre la nada
Y la nada enseñará a los hombres su mano
Que tiene el rostro pálido de la locura
Y el temblor del verso
Y el temblor del sexo diminuto de las hadas que aún no sangran


2 comentários:

Anônimo disse...

Bonito poema Gustavo

Gustavo Petter disse...

o primeiro poema de Leopoldo María Panero que li foi Hino a Satã, desde então é leitura diária. Traduzo-o sem pretensões, apenas para conviver com o poema. Grato pela leitura do blog e o comentário!